ESCÃNDALO
Considerado “braço esquerdo” do prefeito Allyson, auxiliar é flagrado supostamente discutindo propina na contratação de atrações para o Cidade Junina
Numa única situação é sugerido superfaturamento do serviço em 50% com escoamento irregular de 25 mil reais provavelmente para o bolso do gestor do evento
Publicado
7 meses atrásem
Por
Gazeta do OestePor Gilberto de Sousa
“Esse dinheiro aqui que tá para figurino vai para ‘Zé Mulher’… A gente coloca para a companhia… Digamos que a companhia cobra R$ 25 mil, aí a gente coloca R$ 50 mil para a companhia”. “Tem coisa aqui que preciso alterar. O que fazer para não ficar sem receber nada? Vou botar seu cachê de R$ 25 mil e R$ 5 mil meu”.
Os trechos são de uma gravação que circula pelas redes sociais em que o então gestor cultural Thiago Bento, é flagrado supostamente negociando propina na contratação de atrações para o mega evento Mossoró Cidade Junina, previsto para acontecer no próximo mês. São muitas atrações, algumas contratadas ao peso de ouro, em detrimento de outras, como se queixam alguns artistas da terra, diante do oferecimento de cachês muito abaixo da importância cultural destes para a cidade.
É mais um escândalo que abala a gestão do prefeito Allyson Bezerra e sua equipe, e que ganha contornos cada vez mais preocupantes com a divulgação da gravação comprometedora envolvendo o então gestor cultural Thiago Bento. As palavras registradas nas redes sociais ecoam um esquema obscuro de desvio de verbas públicas destinadas ao renomado evento Mossoró Cidade Junina.
No áudio vazado, ouve-se claramente a negociação de propina para a contratação de atrações, onde cifras são mencionadas em contramão da transparência e da equidade na distribuição dos recursos.
O chamado escândalo da gravação já vem sendo visto como apenas a ponta de um fio desencapado na sucessão de suspeitas que cercam a realização do grande evento e que deve ser investigado pelo Ministério Público às vésperas da realização da festa.
Logo que o escândalo estourou, na última quarta-feira, Dia do Trabalhador, o prefeito Allyson Bezerra foi praticamente forçado a demitir o fiel auxiliar. No entanto, a demissão não é suficiente para dissipar as nuvens escuras que pairam sobre a gestão municipal.
Thiago Bento pertence ao grupo seleto de confiança do prefeito e trata-se de um militante político atuante. Há quem diga que ele era conhecido como o “braço esquerdo” do prefeito, já que o conhecido “braço direito“, ex-secretário Kadson Eduardo, que chegou a acumular a função de Secretaria de Cultura, pasta responsável pela realização do Mossoró Cidade Junina, também foi exonerado. O caso de Kadson é igualmente grave.
O episódio envolvendo o ex-secretário Kadson Eduardo, recentemente condenado por falsificação de documento público, é apenas mais um capítulo sombrio na saga de escândalos que assolam a administração de Allyson Bezerra. A condenação de Kadson e sua manutenção em um cargo de alto escalão, mesmo após o trânsito em julgado de sua sentença, levanta sérias questões sobre a integridade e a responsabilidade na condução da administração pública.
No mês passado veio a público denúncia do Ministério Público Federal dando conta de que no dia 29 de julho de 2016, Kadson falsificou um documento público e o apresentou em uma audiência na a 12ª Vara Federal, situada no município de Pau dos Ferros.
Kadson era advogado de uma ação sobre demarcação de terras particulares na cidade de Apodi. Ele teria falsificado um documento alterando a data da audiência.
Ele foi condenado a dois anos de prisão e 10 dias-multa com base no artigo 304 do Código Penal em regime aberto. Ele está nesta situação desde 17 de abril do ano passado quando foi emitida a certidão de trânsito em julgado informando que a condenação era definitiva desde 19 de janeiro de 2023.
Sobre essa situação, a oposição acusa o prefeito de crime de responsabilidade por ter infringido a lei ao manter o cargo uma pessoa condenada. O prefeito garante que não tinha conhecimento do referido fato que envolvia seu “braço direito”, assim como diz reprovar a atitude do identificado “braço esquerdo”, ambos demitidos. Mas o processo de crime de responsabilidade está em tramitação. Esses escândalos foram evidenciados através do blog do Barreto.
Sucessão de escândalos mancha administração Allyson Bezerra
O vereador oposicionista Tony Fernandes lista sucessão de escândalos: “ A rotina se repete e hoje estourou mais um escândalo com uso de recursos públicos na gestão do prefeito Allyson Bezerra, agora envolvendo a Secretaria Municipal de Cultura, responsável pelos contratos milionários do Mossoró Cidade Junina”, escreveu numa rede social ao lembrar fatos que revelam sinais de corrupção e ainda não foram esclarecidos pela gestão:
- Aditivos da reforma do Memorial da Resistência com a obra concluída;
- Contrato de 3 milhões com uma empresa fantasma;
- Compra de 20 jarros para o Natal Luz ao valor de 790 reais cada um (no mercado local custa 22 reais);
- Crime de responsabilidade no caso Kadson, considerado braço direito do prefeito e que ocupou posto de supersecretário recebendo vultosos salários, mesmo condenado por falsificar documento público;
- Vazamento de áudio de produtor cultural da pasta da Cultura, visto como homem de confiança do prefeito, negociando contratos superfaturados com companhias teatrais. O áudio está circulando nas redes sociais.
“Peço mais uma vez atenção dos órgãos de controle, por respeito ao erário público e ao povo de Mossoró!”, realça o vereador.
O vereador Tony Fernandes, voz crítica dentro do legislativo local, destaca a gravidade dos acontecimentos e clama por uma investigação rigorosa sobre os malfeitos que parecem se multiplicar sob a égide do atual governo. Os relatos de corrupção, superfaturamento e uso indevido de recursos públicos colocam em xeque não apenas a credibilidade da administração municipal, mas também a confiança da população nas instituições responsáveis pela fiscalização e pela justiça. Em meio ao caos político que se instaura, a voz do povo clama por transparência, ética e prestação de contas.
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